A Trindade na Terceira Carta de João

A terceira carta de João é uma breve e pessoal mensagem escrita pelo apóstolo João a um cristão chamado Gaio, a quem ele elogia por sua fidelidade e hospitalidade para com os irmãos itinerantes que viajam pregando o evangelho. João expressa sua alegria ao ver que Gaio anda, na verdade, e sustenta os obreiros do Senhor, encorajando-o a continuar apoiando esses ministros fiéis. Ao mesmo tempo, João critica duramente Diótrefes, que, movido por ambição e orgulho, rejeita a autoridade apostólica, espalha calúnias e impede a prática da hospitalidade na igreja. O texto contrasta o exemplo positivo de Gaio com o comportamento egoísta de Diótrefes, exortando os crentes a imitarem o bem e não o mal. A carta termina com uma saudação calorosa e uma ênfase na importância de caminhar, na verdade, e promover a unidade no corpo de Cristo.

João foi um dos que mais escreveu sobre os ensinamentos de Cristo e sua vida. 
Imagem: Yandex


Estudo Resumido sobre Provas da Trindade na Terceira Carta de João

A terceira carta de João, embora seja uma epístola curta e voltada para questões práticas, contém evidências implícitas que apontam para a doutrina da Trindade. No texto grego original, as interações entre Pai, Filho e Espírito Santo são apresentadas de maneira sutil, revelando sua unidade essencial e distinção pessoal. Este estudo explora passagens específicas que destacam a natureza triúna de Deus.


1. A Verdade como Fundamento Divino (3 João 1.3-4)

João expressa sua alegria ao ver que Gaio anda na verdade: “Porque muito me alegrei quando chegaram os irmãos e testificaram da tua verdade, assim como tu andas na verdade (ἐν τῇ ἀληθείᾳ περιπατεῖς). Não tenho maior alegria do que esta: que ouça que meus filhos andam na verdade.”

Aqui, a “verdade” (ἡ ἀλήθεια ) está conectada à revelação divina, que tem sua origem no Pai (ὁ θεός ), é personificada no Filho (ὁ χριστός ), que é chamado de “a verdade” em outros textos, e é aplicada pelo Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ), o Espírito da verdade.


2. O Testemunho dos Crentes e a Presença de Cristo (3 João 1.7)

João exalta o trabalho dos missionários que pregam o evangelho: “Porque saíram por amor do nome de Jesus (διὰ τὸ ὄνομα αὐτοῦ), não falando com palavras humanas, mas anunciando a palavra de Deus.”

Embora o Pai (ὁ θεός ) seja implícito como o autor do plano redentivo, o Filho (ὁ χριστός ) é o centro do testemunho apostólico. O Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ), implícito no contexto, capacita esses obreiros a proclamarem a mensagem divina com poder.


3. A Comunhão na Verdade e no Amor (3 João 1.5-6)

João elogia Gaio por sua hospitalidade para com os irmãos: “Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, especialmente para com os estranhos (ἀγαπητέ, πιστῶς ποιεῖς ὅσα ἐὰν ἐργάζῃ πρὸς τοὺς ἀδελφούς), os quais, em nome da verdade, deram testemunho da tua caridade diante da igreja.”

Aqui, o Pai (ὁ θεός ) é implícito como fonte do amor e da verdade, enquanto o Filho (ὁ χριστός ) é o modelo supremo dessa hospitalidade e amor. O Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ), implícito no contexto, une os crentes na comunhão e no serviço mútuo.


4. A Autoridade Apostólica e a Missão Divina (3 João 1.9-10)

João critica Diótrefes por rejeitar sua autoridade: “Escrevi algo à igreja; mas Diótrefes, que gosta de ser o primeiro entre eles, não nos recebe (οὐκ ἐπιδέχεται ἡμᾶς).”

Embora o Pai (ὁ θεός ) seja implícito como o autor da autoridade apostólica, o Filho (ὁ χριστός ) é o fundamento dessa autoridade. O Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ), implícito no contexto, é o agente que confirma essa autoridade aos corações dos crentes.


5. A Bênção Final e a Unidade Trinitária (3 João 1.14)

No final da carta, João oferece uma bênção que reflete a unidade divina: “Mas espero te ver em breve, e falaremos face a face. Paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos nominalmente.”

Embora o Pai (ὁ θεός ), o Filho (ὁ κύριος ) e o Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ) não sejam mencionados explicitamente aqui, a paz (εἰρήνη ) é um dom trinitário, sendo o Pai sua fonte, o Filho seu mediador e o Espírito Santo seu aplicador.


Considerações e Conclusão

A terceira carta de João contém múltiplas referências implícitas que apontam para a doutrina da Trindade. As interações entre Pai, Filho e Espírito Santo são apresentadas de maneira harmônica, revelando sua unidade essencial e distinção pessoal. Essas passagens fornecem uma base sólida para compreender a natureza triúna de Deus e sua obra na vida da igreja e dos crentes. Mesmo por amarras entre livros e cartas, os ensinamentos expressos aqui estão ligados às pessoas de Deus e suas obras em nossas vidas, como já comentado. 


Fontes Utilizadas

  1. Nestle-Aland, Novum Testamentum Graece (NA28).
  2. BDAG (A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature).
  3. Kruse, Colin G. The Letters of John . The Pillar New Testament Commentary.
  4. Yarbrough, Robert W. 1–3 John . Baker Exegetical Commentary on the New Testament.
  5. Beale, G.K., & Carson, D.A. Commentary on the New Testament Use of the Old Testament .
Ricardo F.S

Escritor no Blogger desde 2009. Adorador do Cristo Vivo. Artista por Natureza. Músico Autodidata. Teólogo Apologeta Zeloso capacitado pela EBD, CETADEB e EETAD. Homem Falho, Apreciador de Conhecimentos Úteis e de Vida Simples e Modesta. 😁

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