A Trindade na Segunda Carta de João

A segunda carta de João é uma breve mensagem pastoral dirigida a uma comunidade cristã. O autor, identificado como “o presbítero”, enfatiza a importância de permanecer na doutrina de Cristo e no amor mútuo como expressão da verdade. Ele alerta contra os falsos mestres que negam a encarnação de Jesus e adverte para que não sejam recebidos nem apoiados pelos crentes, pois isso poderia comprometer sua fé.

Ao longo da carta, João reitera que a obediência aos mandamentos de Deus, especialmente o amor ao próximo, é essencial para viver, na verdade. Ele também expressa alegria ao saber que os membros da comunidade estão caminhando, na verdade, encorajando-os a continuar firmes nela. A epístola termina com uma saudação pessoal e um desejo de encontro face a face para fortalecer ainda mais os laços de comunhão e fé.

João teve intimidade com Cristo em vida e após ressurreto, recebendo muitas revelações.
Imagem: Yandex


Estudo Resumido sobre Provas da Trindade na Segunda Carta de João

A segunda carta de João, embora seja uma epístola breve e focada em questões práticas, contém evidências textuais que apontam para a doutrina da Trindade. No texto grego original, as interações entre Pai, Filho e Espírito Santo são apresentadas de maneira implícita, revelando sua unidade essencial e distinção pessoal. Este estudo explora passagens específicas que destacam a natureza triúna de Deus.


1. O Mandamento do Pai e o Testemunho sobre Cristo (2 João 1.3)

João oferece uma saudação que reflete a obra divina: “A graça, a misericórdia e a paz da parte de Deus Pai (παρὰ θεοῦ πατρὸς) e de Jesus Cristo (καὶ παρὰ Ἰησοῦ Χριστοῦ), o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor.”

Aqui, o Pai (ὁ θεός ) é apresentado como fonte da graça, misericórdia e paz, enquanto o Filho (ὁ χριστός ) é identificado como “o Filho do Pai”, sublinhando sua relação íntima. O contexto sugere a presença do Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ), que capacita os crentes a viverem na verdade e no amor mencionados.


2. A Doutrina de Cristo e a Presença do Pai (2 João 1.9)

João enfatiza a importância de permanecer na doutrina de Cristo: “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo (τὴν διδαχὴν τοῦ Χριστοῦ) e não permanece nela não tem a Deus; quem permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai quanto o Filho (οὗτος καὶ τὸν πατέρα καὶ τὸν υἱὸν ἔχει).”

Nesta passagem, o Pai (ὁ θεός ) e o Filho (ὁ χριστός ) são apresentados como inseparáveis na verdadeira fé. O Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ), implícito no contexto, é o agente que confirma e sustenta essa doutrina nos corações dos crentes.


3. O Amor Recíproco como Expressão do Pai (2 João 1.5-6)

João exorta os crentes ao amor mútuo: “E agora, senhora, rogo-te, não como escrevendo um novo mandamento, mas aquele que tivemos desde o princípio, que amemos uns aos outros (ἀγαπῶμεν ἀλλήλους). E este é o amor: que andemos segundo os seus mandamentos (ἐν τῇ ἐντολῇ αὐτοῦ).”

Embora o Pai (ὁ θεός ) seja implicitamente o autor do amor e dos mandamentos, o Filho (ὁ χριστός ) é o exemplo supremo desse amor. O Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ) é implícito como aquele que capacita os crentes a praticarem esse amor recíproco.


4. A Verdade como Fundamento Trinitário (2 João 1.1-2)

João inicia a carta destacando a centralidade da verdade: “O presbítero à senhora eleita (ἐκλεκτῇ κυρίᾳ) e a seus filhos, a quem eu amo na verdade (ἐν ἀληθείᾳ), e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade.”

Aqui, a “verdade” é conectada à revelação de Deus, que inclui o Pai (ὁ θεός ), o Filho (ὁ χριστός ), e o Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ), que é o Espírito da verdade mencionado em outras partes do Novo Testamento.


5. A Proteção contra Falsos Mestres e o Papel do Espírito (2 João 1.7-8)

João adverte contra falsos mestres que negam a encarnação de Cristo: “Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne (Ἰησοῦν Χριστὸν ἐρχόμενον ἐν σαρκί).”

Embora o Pai (ὁ θεός ) seja implícito como o autor da verdade revelada, o Filho (ὁ χριστός ) é o centro dessa revelação. O Espírito Santo (τὸ πνεῦμα ), implícito no contexto, é o defensor da verdade contra os enganos desses falsos mestres.


Considerações e Conclusão

A segunda carta de João contém múltiplas referências implícitas que apontam para a doutrina da Trindade. As interações entre Pai, Filho e Espírito Santo são apresentadas de maneira harmônica, revelando sua unidade essencial e distinção pessoal. Essas passagens fornecem uma base sólida para compreender a natureza triúna de Deus e sua obra redentiva na vida dos crentes.


Fontes Utilizadas

  1. Nestle-Aland, Novum Testamentum Graece (NA28).
  2. BDAG (A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature).
  3. Kruse, Colin G. The Letters of John . The Pillar New Testament Commentary.
  4. Yarbrough, Robert W. 1–3 John . Baker Exegetical Commentary on the New Testament.
  5. Beale, G.K., & Carson, D.A. Commentary on the New Testament Use of the Old Testament .
Ricardo F.S

Escritor no Blogger desde 2009. Adorador do Cristo Vivo. Artista por Natureza. Músico Autodidata. Teólogo Apologeta Zeloso capacitado pela EBD, CETADEB e EETAD. Homem Falho, Apreciador de Conhecimentos Úteis e de Vida Simples e Modesta. 😁

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